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Lorpa

Lorpa

Vamos imaginar que...

...esta notícia está a esconder factos. A quem não lhe apetecer ler, basicamente, um homem foi detido por tentar matar outro à enxadada.

Tendo vivido em Viseu durante 5 anos, não resisti a vir meter o bedelho e criar histórias na minha cabeça.

O conflito ocorreu em Campo de Besteiros, que por si só gera material suficiente para puxar pela imaginação. Um besteiro é um fabricante de bestas ou alguém que saiba atirar com as mesmas (como os arqueiros, por exemplo). Bastava que a freguesia fizesse jus ao nome. Aparentemente, estão mais virados para as enxadas.

 

braço ferro

 

O agressor é um pedreiro, 53 anos, desempregado (vamos chamar-lhe "E"). O agredido, 56 anos, fica o "D". Parece que a quezília entre ambos era antiga. Terá sido o agressor a começar as provocações. Estou a imaginar o filme todo em sotaque beirão:

 

E: - Ó D, tájaber esta enxada? - Aponta para a cabeça do arqui-inimigo. - Era mêmo boa pra te dar nos cornos.

D: - Debes tar a alembrar-te dos que a tua Isaura te pôs antes de fugir pá Francha com o Jé padeiro. - Solta uma gargalhada de troça.

E: - Carago, tu quéj'ber que é hoje que eu te limpo o chebo, ó burro da merda? - Caminha de enxada levantada em direcção a D.

D: - Melhor que pegaches na enxada e foches trabalhar - Ri-se ainda mais. - Mas pra icho era prechijo que tiveches trabalho.

 

Um E enfurecido grita "cabrão do carago!" enquanto despede duas enxadadas impetuosas no inimigo. Uma na cabeça e outra na bacia, que faz com que D vá ao chão. Antes de uma eventual terceira, vê que o homem está a jorrar sangue da cabeça e contém-se. Foge e vai chamar o INEM, só por descargo de consciência: odeia o homem mas não quer ir parar à cadeia.

 

Moral da história (Lorpa): Morar numa terra de nome duvidoso dá merda.

Conclusão quase-séria: Homem que começa uma discussão e que, vendo-se sem argumentos, recorre a violência para calar o outro, merecia que lhe nascesse um cacto avantajado no recto. Um cacto de crecimento acelerado em direcção ao ânus. Sem parar, inoperável.

 

E era isto gente, assim me despeço até segunda: pela porta pequena que eu caibo bem em qualquer lado. Bom fim de semana e tenham cuidado com essa malta que não gosta de chocolate. São "serial killers" na certa.

Não se estraguem, até segunda!

O mistério da Farinha 33

Ora boas tardes, gente! Espero que andem por aí a distribuir sorrisos neste dia 28 de Abril. Hoje e sempre.

Indo directo ao assunto: Quem é que já ouviu falar nisto?

 

farinha 33

 

Eu, como bom Alentejano do interior, sempre convivi com estas embalagens durante os primórdios da minha vida. O "caldo de farinha 33", como aqui lhe chamam, era obrigatório no pequeno almoço dos meus avós (ainda hoje a avó o bebe, como se de um ritual se tratasse). Cá em casa, bebia-se ocasionalmente, quando apetecia.

Entretanto andei anos fora de casa: estudar, trabalhar, viver sítios. E fui esquecendo a existência desse caldo. Há coisa de 2 ou 3 anos, quando se falava muito de que o leite era assim e assado e não trazia os benefícios que lhe eram apontados, os meus pais optaram por pô-lo de parte. Foi desde aí que pegaram na tradição dos pais deles: o belo do caldo de Farinha 33 todas as manhãs.

Há mais de um mês que tenho estado aqui por casa novamente e só esta semana me apercebi de que isto não existe à venda em Continentes, Pingos Doces ou qualquer outra grande superfície. "Mau, então mas que raio de coisa é esta que não se encontra em lado nenhum?", pensei eu. Perguntei à minha avó, que diz lembrar-se de usar a Farinha 33 há mais de 30 anos. Os meus pais sempre se lembram dela também. A verdade é que, onde moramos, só uma pequena loja de comércio tradicional tem a dita cuja à venda.

Não satisfeito, fui pesquisar sobre este mistério e encontrei uma reportagem de 2011 no "A tarde é sua" da SIC, onde há uma visita às instalações da fábrica "A Moreninha", bem como uma conversa com os proprietários da famosa Farinha 33.

 

Algumas curiosidades:

- A mistura é um segredo de família bem guardado;

- As embalagens "vintage" têm sido mantidas até hoje por uma questão de tradição;

- O negócio tem resistido devido ao pequeno comércio e à própria rede de distribuição do produto;

- A publicidade e notícia de que "a Farinha 33 ainda existe" é feita pelo boca a boca dos clientes.

 

Nas embalagens, vemos escrito que é indicada a todas as idades. Tanto que de um lado da caixa vemos uma menina a comer a papa de Farinha 33 e do outro, um homem em tronco nu com músculos bem definidos. E assim era o marketing de há 40 anos.

 

farinha 33 verso

 

Não sou um consumidor diário, mas volta e meia lá bebo uma caneca que sabe sempre bem.

Foi bom descobrir que ainda se conservam estes pedaços de história, da história do nosso país afinal de contas.

 

E tu, já alguma vez provaste Farinha 33?

E os teus pais ou, eventualmente, os teus avós? Experimenta perguntar-lhes pela Farinha 33 ou por algum outro produto da Moreninha. Talvez a nostalgia venha ao de cima.

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