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Lorpa

Lorpa

Fé na humanidade - confere!

O título não é clickbait. Ainda há esperança na humanidade, quanto mais não seja em parte da mesma.

Na passada Segunda-feira, entrando ao trabalho apenas da parte da tarde, aproveitei o bloco matinal para ir à Segurança Social esclarecer dúvidas na mudança de escalão dos recibos esverdeados. Para quem pára por estas bandas de quando em vez, e lê os textos que por aqui deposito, sabe que eu não nutro qualquer tipo de ódio pelas Segundas. É precisamente o oposto, eu aprecio as pobres coitadas. De tal maneira que depois do que aconteceu, tenha ou não sido coincidência, vejo-me obrigado a reforçar ainda mais esse estatuto de Dia que toda a gente odeia mas que, coitado, ele nem tem culpa nenhuma. E já agora, eu não acredito em coincidências.

 

AVISO: A história que se segue pode conter linguagem real e pessoas autênticas, susceptível de alterar ideias relativamente à humanidade.

 

11h30 ~ Começa a busca por um lugar nas proximidades da Segurança Social de Leiria. A zona é complicada porque, além da dita cuja, reúne também a Câmara Municipal, o Tribunal do Trabalho, etc. etc., enfim, naquela zona arranjar estacionamento é tarefa que espicaça a paciência.

 

11h35 ~ A busca continua: voltas aos quarteirões, inversões de marcha, gargalo esticado em antecipação ao que parecem ser espaços livres mas que na realidade contêm motociclos, blá blá blá e mais voltas que vocês já sabem.

 

11h45 ~ Como eu sou teimoso optimista, decidi que continuaria às voltas até arranjar lugar. «Acontece sempre, quantas vezes não andas à procura de lugar e de repente lá está alguém a sair», dizia cá p'ra comigo.

 

11h45 ~ É durante a imersão nestes pensamentos que ao fazer uma curva acontece o seguinte, mas de forma bem mais calma e controlada:

 

homer

Ah e também não houve travões nem gritos. Também não era o Homer, pode ser importante referir. E também não entrei por uma casa adentro, já agora. Era sim uma senhora com os seus 70? anos, expressão num misto de surpresa/sorriso e passo de corrida em fuga do carro. A cena decorreu toda ela numa espécie de slow motion, em que a filha? está já no passeio a assistir a tudo e se limita a rir da corrida da mãe. Eu retribuí o sorriso de forma espontânea e a cena avançou, com nós os três a afastarmo-nos (tecnicamente eu é que me afastava) cada um com o seu sorriso.

 

11h47 ~ Já algo afastado da Segurança Social e com a cena anterior estampada na face, inverti a marcha com intuito de ir verificar uma vez mais os concorridos lugares do parque, bem no centro dos serviços que referi lá em cima.

 

11h50 ~ Entro no parque, volante à direita, volante à esquerda... E eis que finalmente! está um carro a sair do lugar. Encosto, ligo o pisca (qual ânsia pelo rectângulo de ar e chão) e não é que vou precisamente esbarrar de novo com as senhoras de há cinco minutos. Filha ao volante e mãe no pendura. E tornamos a rir-nos, a condutora acenava e ria-se enquanto passavam por mim. A passageira (e quase atropelada) dizia adeus. E eu fazia o mesmo, acenava e ria-me para duas estranhas enquanto as via passar e lhes levantava o polegar em jeito de agradecimento.

 

11h51 ~ Pego na carteira em busca de trocos para ir despejar na maquineta, saio do carro e:

- Olhe desculpe, o senhor vai ficar muito tempo?"

Olho em direcção à voz e, novamente uma senhora com os seus 70? anos "no meu caminho".

- Não, vou só mesmo esclarecer algumas dúvidas na Segurança Social. - respondo-lhe eu.

- Então olhe, fique com este tiquê que dura até ao meio dia e vinte cinco. Não é muito tempo mas talvez chegue.

 

Tenho pena por não ter assistido à minha reacção. Talvez transparecesse maior quantidade de espanto do que qualquer outra emoção. Com mais um sorriso parvo de agradecimento e um sem jeito movido pelo inesperado.

Agradeci mil vezes à senhora pelo gesto e desejei-lhe um bom dia. Desta vez, comigo no lugar do surpreendido, vi-me acenar e dizer adeus à senhora que entrava no carro. Uma estranha que poderia perfeitamente ter seguido a sua vida, mas que optou por oferecer o bilhete do estacionamento.

 

É incrível como um gesto tão simples consegue ser tão significante. Já nem falo do juntar de ambas as situações e a forma como encaixaram... Foi quase surreal.

Portanto sim, ainda há esperança para nós. Porque estes gestos são os mais contagiantes e porque as coincidências não existem. Queria só deixar isto aqui registado.

 

A quem chegou até aqui, parabéns! E obrigado por terem lido. Bom feriado a todos 

 

soldier children

 

Correr riscos

Certo. É um "filme".

Certo. A vida real não é bem assim. Talvez.

 

 

Mas correr riscos é isto:

 

"Pegar numa escova de dentes, na blusa preferida, nas poupanças e... seguir caminho. Porque se não o fizermos agora, podemos nunca mais vir a fazê-lo".

 

 

Atentem no vídeo e na extraordinária letra desta música dos Lumineers.

 

 

E nunca é de mais relembrar: arrisquem. Corram riscos, caramba! Durmam no chão de vez em quando...

Quase tão sólido como um calhau dos grandes - series finale

Foram 5 dias e 5 fotografias. Um emaranhado de histórias que conectam mais do que deixam transparecer.

Hoje, no derradeiro dia da saga que encarei como um desafio necessário, quero falar-vos de puzzles.

 

Os puzzles fizeram uma parte importante da minha infância e adolescência. Ainda hoje, na chamada idade adulta, continuam a cativar-me facilmente. Volta e meia dedico-me a um. Por falar nisto, já vai sendo tempo de outro.

Na minha cabeça, toda a gente a certa altura completou algum e é por aí que quero começar. Acompanhem-me:

 

É o vosso primeiro puzzle. Assim que distribuem as peças pela mesa, instintivamente e mesmo que não percebam nada do assunto, vão começar por fazer o rebordo exterior. E porquê? Porque no meio de tantas peças "iguais", é o método mais eficaz para começar. As peças do rebordo encontram-se mais facilmente porque saltam à vista e, no fundo, temos algum sítio concreto para dar início. É natural.

Onde eu quero chegar é a esta(s) pergunta(s): E se as peças do rebordo não tivessem aquele lado liso? E se fossem "iguais" às restantes?

 

Fico na dúvida entre terminar ou não o texto agora. Por uma razão muito simples: gostava que quem lesse isto tentasse realmente responder à pergunta. Sem opiniões extra ou possíveis vieses.

Contudo, não posso deixar de depositar aqui as minhas ideias. Afinal de contas foi essa a principal razão para ter criado o blogue. Lorpa como sou vou deixar a minha resposta, que é a mais óbvia possível:

 

«Se as peças fossem todas iguais, era bastante improvável que começássemos todos da mesma maneira. Cada um começaria por onde lhe parecesse melhor, fosse ou não a forma mais fácil de completar o puzzle».

 

castelo leiria dark

 

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