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Lorpa

Lorpa

A minha experiência quase-vegetariana

food man

 

É final da semana: vocês têm pressa, o mundo tem pressa. E eu também. Devia ser criada uma liga das urgências do ser humano comum, uma pessoa associava-se e, quando estava a acelerar por esses dias fora, podia ligar para um número de emergência (com um algarismo apenas, 1 por exemplo) e pedir auxílio. Ou então perder ainda mais tempo com essa chamada, sei lá eu que tipo de auxílio é que poderia ser prestado, não tenho tempo para pensar nisso agora.

E notem bem a pressa com que estava, que ainda não saí disto. Estou a escrever muitas vezes a palavra "pressa", não estou?

Bom, já tinha feito uma pequena introdução deste tema aqui, e uns acrescentos valentes aqui, portanto embora lá ao busílis da questão: as conclusões a que cheguei depois de mais de um mês de regime quase vegetariano.

 

1. Tiro o meu chapéu a todos os que se tornaram vegetarianos ou que reduziram bastante o consumo de produtos de origem animal. Dizer que "não é fácil" é pouco. Apetecia-me usar a expressão "lixado como o caraças" na forma não-choninhas. Calculo que já lá chegaram;

 

2. Hábitos com 20 e tal anos? É uma valente trampa conseguir alterá-los. Ou melhor, consegue-se quando tem mesmo de ser. Mas como uma pessoa tem noção da não obrigatoriedade da coisa... Toca lá de estender a toalha e relaxar à sombra da bananeira carnívora. Acho que é a natureza humana (pelo menos a minha é);

 

3. A nossa carteira não agradece. Aliás, a nossa carteira, naqueles primeiros dias de entusiasmo desmedido em que andamos no super mercado como se nunca tivéssemos visto comida na vida, parece uma galinha depenada por um galo em fúria de acasalamento. A nossa carteira é a galinha, e a alga Nori tostada é o galo chupista. No final do mês, nota-se uma diferença considerável;

 

4. Somos obrigados a comer a cada quarto de hora, mais coisa menos coisa. Agora a sério, a barriga tem uma tendência aumentada de queixas. E quem se aproximar de um WC utilizado por nós para um nº2, também;

 

5. Há um vazio deixado pela ausência do aroma maravilhoso dos grelhados. Fiquem com este cheiro na memória e não com o anterior, vá. Sentimos falta de um bife de qualquer coisa que não seja soja ou tofu, falta de um bom bife de carne. Aliás, até de um mau bife temos saudades; 

 

E no final disto vocês perguntam: "então foi tudo uma bela merda e é melhor continuarmos a comer animais?".

Não. Pelo contrário. Se houve um motivo suficientemente forte para me fazer querer cortar nos produtos de origem animal, foi mesmo esse: não querer comer animais. Consegui cortar definitivamente? Não. Reduzi? E não foi pouco!

Sou um indivíduo que tem noção das consequências das explorações pecuárias nos nossos ecossistemas, no clima, enfim, no mundo em geral. Sou uma besta que tem noção das condições de criação desses animais e da forma como são abatidos. Sou um animal que come outros animais, fora de uma "lei da selva". Limito-me a repoduzi-los em massa para depois abatê-los.

 

Eu, ser humano e Terráqueo, envergonho-me de mim e da minha espécie. Mas continuo a fazê-lo. O vírus da gripe também não tem pena dos hospedeiros, mesmo que veja a sua acção reduzida com antivirais e vacinas e afins, continua a infectar. Instintos primitivos entranhados.

 

No fim de tudo isto, o que menos retive desta experiência quase-vegetariana de pouco mais de um mês foi a própria alimentação.

A minha tentativa de "vegetarianisse" repentina foi mais ou menos como o sentimento do início do post: tinha tanta pressa que não cheguei a lado nenhum e ficou tudo na mesma! Como seria se estivesse cheio de vagar?

O que um pré fim de semana é capaz de fazer às pessoas. Só visto.

 

Até segunda, minha gente!

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