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Lorpa

Lorpa

Divagar devagar #6 - Fabricar caminhos.

direction

 

Ensinaram-me a andar. Era desta forma e não daquela. Mais tarde, guiaram-me a comida à boca e aprendi também a fazê-lo. Falaram-me de letras e de números. E de muitas outras mais coisas, que precisaram sempre de letras e números quando ensinadas.

Eu, que segui mais do que o ensino exige, que quis mais, ou assim o julgava. Eu, tomei direcções.

Passaram anos e aprendi mais coisas. Envelheci. Anos a mais.

Tantos caminhos e direcções misturadas. Saber que cedo se aprende a esquerda e a direita, o frente e o trás. Sete anos no mundo e já conhecemos a Rosa dos Ventos. Bem no meio: nós. Constantemente direccionados.

Movimentos repetidos, quase ao infinito, que nos levam daqui para além. E achamo-los naturais. Não olhamos a escolha em cada rumo tomado, a possibilidade alterável escondida em cada movimento. Mínimo ou grande.

Nós, ali, a seguir a única direcção possível: a nossa. Tanto tempo guiada por outros e, de repente, connosco no leme. A recordarmos a segunda classe e a Rosa dos Ventos, ignorando os pontos mestres. Vamos para Sudoeste. Ou para Nordeste. São direcções nossas, menos comuns.

Alcançamos terra nova da forma que sabemos. E é nos caminhos pisados que vemos as nossas pegadas. O tempo tempo, que teimamos medir, e o tempo não tempo, das chuvas e sóis, tratam de escondê-las dos caminhos. Do meu, do teu, do deles. De todos.

Mas quando há pegadas, existem direcções. Alguém aprendeu a andar sozinho.

 

 

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